6.6.03

PIEGOFRENIA Nº 6

E ainda me dizes que um vinho tinto à madrugada não cura males verdes. Enumero as lembranças de pazes que fizemos sob os auspícios sussurados de álcool ruim e noite boa. Mas não, dizes, era tudo cena e circunstância! Vê: meio copo, e nem bebi aquilo tudo. Gravei tuas palavras numa fita virgem - a ironia é proposital. Tu disseste tantas incoerências. Mas, penso: quando a incoerência é a única alternativa, ainda é incoerência?

Perco o foco, você não me apruma, ficamos aqui. Hoje matei três homens e não sinto tremor nos lábios ou na consciência. Foram mortes ocasionais, das que não interessam aos jornais ou à sociedade participante. Simbólico, tudo isso. Há três dias, quando morri - você me matou, lembra? - pedi que me enterrasses sob os lençóis verdes. Ressurgi às quatro, com um charuto pendurado nos lábios e uma idéia para um quadro. Pintei a ti, ao avesso, vermelha. Vendi por tanto dinheiro que esqueci quem eu era e como voltar pra casa. Isso porque instalaste um localizador em meu cérebro. Vi nos filmes. Ele chacoalha em minha mente quando penso em outra. Há outras? Não disse isso, meu amor, ó amor. É tudo reflexo dessa noite ofegante e crispada, como um javali em fuga. Se eu estruturasse essa canção em verso, a rima furaria o papel e sangraria no tapete. E tu ainda me pedes lógica quando digo que te amo.


Sim, é ele arrebentando de novo!





<< Página inicial

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Assinar Postagens [Atom]