5.4.03

"No inverno gelado da Rússia, o rabino não deixava de fazer seus banhos rituais no rio quase congelado. Seus discípulos não conseguiam compreender como um homem de idade conseguia enfrentar águas tão geladas. Resolveram então experimentar fazer o mesmo para ver se conseguiam. Para sua surpresa, não foram as águas geladas seu maior desafio, mas, sim, a saída da água. As margens congeladas e inclinadas formavam um obstáculo quase intransponível. Os discípulos escorregavam e com grande dificuldade , apenas com um auxílio um do outro, conseguiram escalar as amrgens. Correram então ao rabino curiosos.

'Rabino, agora sabemos o quão difícil é entrar na água gelada, mas como é que o senhor faz para subir as margens congeladas e tão escorregadias?'

O rabino, então, explicou: 'O segredo, meus queridos, é ter sempre em que se segurar lá em cima!'"

* * *


"Conta-se que em certa região da Europa já não chovia há meses. Os agricultores estavam desesperados. Como é de costume na tradição judaica em períodos de seca, institui-se um dia de jejuns e orações. Desde tempos bíblicos, o jejum está associado à contrição e à concentração, ingredientes tidos como fundamentais para orações e rituais petitivos.

A dita cidade resolveu decretar um dia de orações e jejum para pedir por chuva. Todos acorreram à sinagoga, mas o rabino não apareceu.

Resolveram procurá-lo em sua casa e, para surpresa geral, ele estava tranqüilamente almoçando.

Perguntaram:

'Desculpe-nos pela intromissão, ilustríssimo rabino, mas acaso o senhor não sabe que hoje foi decretado um jejum?'

O rabino sem se abalar respondeu:

'Jejum? Por quê?', reagiu ironicamente.

'Porque estamos atravessando uma seca muito intensa. Por isso estamos nos congregando na sinagoga com muita fé à espera de milagres.'

O rabino foi, então, até a janela e, observando a multidão que acorria à sinagoga, disse:

'Fé? Estão todos indo rezar por chuva, mas não há um único indivíduo carregando um guarda-chuva.'"

* * *

Estes dois contos judaicos estão no livro "As fronteiras da inteligência", de Nilton Bonder.





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