Leite de Pato

Esse papo todo sobre violência me fez lembrar alguns debates com uns amigos sobre o uso de maconha e outras drogas ilícitas. Eles queriam me convencer que, apesar de fumarem a “erva do diabo” não financiavam o tráfico, porque fumavam sempre e quem banca o tráfico, na verdade, seriam os que fumam “de vez em quando”.

Nunca vi argumento tão ridículo. Seria a mesma coisa que dizer que eu, que não vou a todos os jogos do Vasco, é quem financio as mutretas de Eurico Miranda, enquanto que o sujeito que vai a todas as pelejas não tem nada a ver com isso.

Esta conversa começou exatamente quando um dos meus amigos começou a reclamar da violência do Rio. Como se não tivesse NADA A VER COM ISSO. Reconheço que ele não compra armas, não expulsa moradores dos morros, não sai matando gente por aí nos “bondes do mal”. Mas como ele não é responsável pelo financiamento dos traficantes? Façamos um teste: que tal se todos os maconheiros ficassem um ano sem fumar a sua marofa pra ver se o “movimento” não vai sofrer um baque?

Portanto, já avisei a eles: não me venham com “discursinhos” sobre a violência e sobre o tráfico. Porque no fundo é isso mesmo: “discursinho”. Neguinho fala da violência, em tom altamente indignado, e depois vai sossegadamente dar um tapinha na brenfa, pra relaxar a tensão.

Um conhecido meu apelou para o seguinte argumento:

- Mas tu não gosta de tomar a sua cervejinha vendo um jogo de futebol? Então, é a mesma coisa.

Ao que eu retorqui:

- Não é não. Eu não preciso malocar a lata de cerveja, um policial não vai me dar uma dura se eu estiver com uma tulipa na mão e eu não preciso pagar propina se um PM me vir com um casco de Skol na mão.

Não se trata aqui de dizer que maconha faz mal e bebida alcoólica, não. Até porque todos sabem também os malefícios que o álcool traz ao organismo quando ingerido de forma irresponsável. Mas o que eu quero dizer é o seguinte: cerveja não é proibida. Maconha, por enquanto, é.