5.2.03

Criança, de 3 anos, morre durante ação policial

Uma blitz feita por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) nas imediações da Favela Tancredo Neves, no Complexo do Jacarezinho, anteontem à noite, resultou na morte de Nicolau Yan dos Santos Xavier, de 3 anos, atingido por uma bala perdida na cabeça. Ana Beatriz Rodrigues, de 31, foi ferida de raspão na cabeça e na perna direita. Elisandra de Oliveira Lucena da Silva, de 7, foi baleada no braço esquerdo. Moradores acusaram os policiais de terem disparado os tiros que atingiram os três moradores e de terem ido embora sem prestar socorro.


É claro que nem sempre os policiais são responsáveis pelas mortes nas favelas. Como sabemos, os traficantes usam os moradores das "comunidades" a seu bel-prazer, fazendo com que eles fiquem contra a polícia. Mas não é sempre assim que acontece. E também não é preciso ler um "Rota 66", do Caco Barcellos pra se saber certas coisas. Em muitos casos, a polícia ENTRA ATIRANDO SIM!!! E eu já testemunhei um fato desses.

Num certo domingo, estava voltando da casa da Mônica (ainda não éramos casados) quando percebi vários camburões da PM passando apressadas pela rua. Mas não era só isso. Os camburões estavam entrando exatamente na acanhada viela que servia de atalho pros moradores do conjunto habitacional onde então moravam eu, minha mãe, meu padrasto e meus irmãos. No final desta viela, à esquerda, tinha uma pequena escada, com uns sete ou oito degraus, que dá para um pátio, rodeado por uns três prédios residenciais.

Pois bem, estava eu ainda me dirigindo para a viela. Desconfiado, é claro, nunca vira tamanho aparato policial para se fazer não-sei-oquê. Quando me preparava para entrar na tal viela, eis que escuto vários tiros, uns dez ou doze. Assustado, dei meia-volta e torcendo pra nenhum policial virar pra trás e pensar que eu estivesse fugindo. Esperei então passar a "tempestade" num quiosque. Tudo passou, a polícia foi embora e eu, nervoso, consegui chegar no "apertamento". Minha mãe, evidentemente, estava apavorada e pensando que algo tivesse acontecido comigo. Nada aconteceu, fora o susto.

No dia seguinte, ficamos sabendo que toda a suntuosa operação fora baseada numa denúncia. Em vez de irem até lá para ver o que estava ocorrendo, os policiais houveram por bem sair logo atirando, para resolver o problema de uma vez sem mais delongas.

Por sorte, não haviam crianças brincando no pátio. Por sorte um dos nossos vizinhos não foi atingido. Por sorte, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro não acumulou mais uma mancha no seu já tão surrado currículo de incompetências.





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