20.12.02

O senhor Renato Maurício Prado escreveu uma coluna que visava debater sobre os pontos corridos. Dizia que era um tema que ia dar muito pano pra manga e que não queria impor sua opinião. Mas não foi bem isso que a gente leu. Na verdade, ele não quis dizer que era contra os pontos corridos. Mas é. É o que a coluna dele diz hoje. Demorou, mas tomou partido. Pensei que ele ficaria em cima do muro.

É claro que ninguém precisa ser a favor dos pontos corridos como eu. Defendo e apóio esta idéia há muito tempo. E concordo que ela precisa de ajustes. O número de clubes, por exemplo. É muito time. Defendo 16 clubes e só. Na Série A e na B. Quiçá na C - que, aliás, é uma série mais complicada, porque os clubes são mais pobres etc...

Mas o senhor Renato poderia sofismar menos.

Analisemos sua coluna:

Final, mestre? Isso você não verá mais, não. Pelo menos, no Brasileiro de pontos corridos. A menos que após nove meses (!!!) de competição, aconteça a coincidência de se enfrentarem, na última rodada, os dois primeiros lugares, que não poderão estar separados por mais do que três pontos. Acertar na mega-sena sozinho, perde....

A emoção dos pontos corridos não está somente no fato de que os dois postulantes ao título cheguem empatados e joguem exatamente na última rodada. É claro que isso pode acontecer, como nos Campeonatos Cariocas dantanho (que eram disputados no sistema de pontos corridos). Mas é mais difícil de acontecer. A emoção está no fato de que dois ou três clubes podem chegar à última rodada podendo conquistar o título. Isso não é emocionante? Não estariam envolvidos na rodada apenas três times, mas seis...

Então, tá: a NBA não é medida para o nosso futebol (tal sucesso deve ser coisa de americano bobo!) e para explicar por que o público dos campeonatos europeus é maior que o nosso não vale lembrar que as economias de lá são mais fortes e as rendas ?per capita? superiores. Será que serve para justificar por que os jornais esportivos da Europa vendem, em média, quatro vezes mais que os daqui? Ou espera-se que as vendas dos nossos diários especializados disparem com um campeonato longo, que periga ser chocho e no qual 90% dos clubes devem se despedir da luta cedo? Santa ingenuidade, Batman!

A NBA gerencia uma competição que tem como estrela um esporte chamado basquetebol. E o que dizem a respeito deste esporte? Que o mais fraco nunca vence. Então, mesmo tendo mata-mata, sabemos que os melhores times necessariamente vão para a decisão.

Em relação aos campeonatos europeus: não é a descoberta da pólvora dizer que a renda per capita é maior que a do Brasil. Mas e daí? Nem por isso o calendário brasileiro e sul-americano comportou menos competições. E tome estádios vazios mesmo com mata-mata... Quantos campeonatos nós temos num ano? Um clube pode disputar o Nacional, Copa do Brasil, Libertadores, Estadual. Ainda tinha a Mercosul. Os nove meses de Campeonato (que é mais ou menos o tempo que dura o Campeonato Italiano, por exemplo) são razoáveis. Os times não vão ficar parados. Vão sempre ganhar alguma coisa. E com jogos nos finais de semana, um time joga em casa a cada 15 dias. Bem melhor do que o que acontece hoje em dia...

E agora me digam: o que tem de emocionante uma final entre Atlético-PR e São Caetano?

O que tem de emocionante você assistir a uma segunda partida de mata-mata onde um dos times precisa meter cinco gols pra se classificar, depois de ter perdido o primeiro jogo por 6 a 2?

Amigos, eu não quero só a emoção. Eu quero a emoção de ganhar a taça!!! E nada me obriga a disputar uma final pra conquistá-la...





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