12.12.02
MELHORES TRECHOS DE ALGUNS LIVROS QUE EU LI ESTE ANO - PARTE II
Creio, porém, na alma imortal. Desde menina que rejeito, com a maior, mais feroz das intransigências, a hipótese de uma morte que acabe com tudo, que seja de fato e para sempre, o fim. No fundo, cada pessoa, mesmo os pretensos ateus, acreditam na existência de duas vidas. (...) Se não houvesse essa certeza universal, todo mundo estaria desesperado, todo mundo andaria, pelas ruas, arrancando os cabelos e gemendo, fundamente, suas tristezas e pavores. Porque não há anda mais alucinante do que um cidadão saber que, um dia "acabará", não será mais nada, não será coisa alguma.
(...) Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever.
"(...) mas sei que o universo jamais começou."
"A verdade é sempre um contato interior e inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique."
"(...) e bem sei que cada dia é roubado da morte."
"Existir não é lógico."
"Deus é de quem conseguir pegar."
"O ponto de partida do gnosticismo judeu (por conseguinte cristão) não pôde ser outro que o momento em que certos judeus, muito preocupados em encontrar uma explicação do porquê de tantos males neste mundo, acreditaram conveniente estabelecer uma distinção entre a divindade suprema, ultratranscendente, inalcançável, afastada totalmente da matéria e, portanto, deste mundo mal conformado, e o criador real e concreto deste baixo universo tão imperfeito. Esse criador devia ser necessariamente outra entidade dependente da divindade suprema, sim, porém, não exatamente ela. Esse dualismo encontrou uma de suas justificações no duplo preâmbulo do Gênesis (1,1-2,3; 2,4ss), em que a criação de Adão é apresentada em duas versões distintas, a primeira por Elohim (literalmente "os deuses") e a segunda atribuída a Yahveh, como se fossem divindades diferentes."
Myrna,
de Nelson Rodrigues
de Nelson Rodrigues
Creio, porém, na alma imortal. Desde menina que rejeito, com a maior, mais feroz das intransigências, a hipótese de uma morte que acabe com tudo, que seja de fato e para sempre, o fim. No fundo, cada pessoa, mesmo os pretensos ateus, acreditam na existência de duas vidas. (...) Se não houvesse essa certeza universal, todo mundo estaria desesperado, todo mundo andaria, pelas ruas, arrancando os cabelos e gemendo, fundamente, suas tristezas e pavores. Porque não há anda mais alucinante do que um cidadão saber que, um dia "acabará", não será mais nada, não será coisa alguma.
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A hora da estrela,
de Clarice Lispector
de Clarice Lispector
(...) Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever.
* * *
"(...) mas sei que o universo jamais começou."
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"A verdade é sempre um contato interior e inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique."
* * *
"(...) e bem sei que cada dia é roubado da morte."
* * *
"Existir não é lógico."
* * *
"Deus é de quem conseguir pegar."
* * *
O outro Jesus segundo os Evangelhos Apócrifos,
de Antonio Piñero
de Antonio Piñero
"O ponto de partida do gnosticismo judeu (por conseguinte cristão) não pôde ser outro que o momento em que certos judeus, muito preocupados em encontrar uma explicação do porquê de tantos males neste mundo, acreditaram conveniente estabelecer uma distinção entre a divindade suprema, ultratranscendente, inalcançável, afastada totalmente da matéria e, portanto, deste mundo mal conformado, e o criador real e concreto deste baixo universo tão imperfeito. Esse criador devia ser necessariamente outra entidade dependente da divindade suprema, sim, porém, não exatamente ela. Esse dualismo encontrou uma de suas justificações no duplo preâmbulo do Gênesis (1,1-2,3; 2,4ss), em que a criação de Adão é apresentada em duas versões distintas, a primeira por Elohim (literalmente "os deuses") e a segunda atribuída a Yahveh, como se fossem divindades diferentes."
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