8.11.02

HISTÓRIAS DO TITIO PERSEGONHA

D. Vilma, mãe do Pierre, um dos meus melhores amigos, morreu no dia 6 de setembro de 1999. Minutos depois de ter recebido a notícia, um outro amigo, o Dudu, (a exemplo de Pierre, também de infância) me telefona:

- Bicho, vamos agora pra Macaé!!!

Macaé, é bom que se diga, era a cidade onde moravam os pais de Pierre. Saí do trabalho correndo, peguei um táxi e fui pro Fundão. Lá, encontrei o Dudu e nos mandamos.

Evidentemente não chegamos a tempo pro enterro. Já era noite. Mas não podemos nos furtar a dar ao menos um abraço num amigo num momento como aquele. Quem perdeu o pai (como eu) ou mãe (como o Pierre) sabe que o que mais precisamos nestas horas é um amparo, um conforto, alguém que nos diga que "está tudo bem", mesmo quando sabemos que esta é a última das verdades.

Well, o tempo passa, o tempo voa...

Depois disso, Pierre foi pra Los Angeles trabalhar com o grupo do sujeito que ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1997. Voltou no dia 9 de setembro de 2001, dois dias antes dos atentados ao WTC. No final desta trágica semana, fizemos um churrasco lá em casa para celebrar o seu retorno e pra fazer uma pré-farra com ele, já que se casaria no dia 20 de outubro.

Neste mesmo dia, conversa vai, conversa vem, mamãe me telefona. Digo pra ela o que estamos fazendo.

- É mesmo? Que coisa!

- Que coisa o quê, mãe?

- Eu sonhei com a Vilma essa semana...

- Sério?

- Sério... No sonho, ela me procurava e pedia: "Deise, me ajuda a escolher um vestido bem bonito pra eu colocar no dia do casamento do Pierre."

Já dizia o poeta "sonhos, sonhos são"... Comentei a conversa que tive com a minha mãe com o Pierre.

- Quando foi que ela teve esse sonho?

- De terça pra quarta...

- Caralho!!!

- Que foi?

- Terça fez exatamente dois anos que a minha mãe morreu...

E a minha mãe, a combativa Dona Deise, sequer sabia deste detalhe.





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