31.8.02

"O ponto de partida do gnosticismo judeu (por conseguinte cristão) não pôde ser outro que o momento em que certos judeus, muito preocupados em encontrar uma explicação do porquê de tantos males neste mundo, acreditaram conveniente estabelecer uma distinção entre a divindade suprema, ultratranscendente, inalcançável, afastada totalmente da matéria e, portanto, deste mundo mal conformado, e o criador real e concreto deste baixo universo tão imperfeito. Esse criador devia ser necessariamente outra entidade dependente da divindade suprema, sim, porém, não exatamente ela. Esse dualismo encontrou uma de suas justificações no duplo preâmbulo do Gênesis (1,1-2,3; 2,4ss), em que a criação de Adão é apresentada em duas versões distintas, a primeira por Elohim (literalmente "os deuses") e a segunda atribuída a Yahveh, como se fossem divindades diferentes."
O outro Jesus segundo os Evangelhos Apócrifos
Antonio Piñero

Este é um dos posts sobre Gnose que eu pretendo publicar aqui no LEITE DE PATO.

Este trecho tem uma coisa de interessante... Ele me fez lembrar um samba-enredo da Beija-Flor (minha escola) quando esta ganhou o seu primeiro título em 1976, exatamente no ano seguinte ao ter sido promovida para o Grupo Especial. O enredo de Joãozinho Trinta era "A criação do mundo na tradição nagô". Uma das estrofes dizia o seguinte:

"Olorum, senhor do Infinito,
Ordena que Obatalá
Faça a criação do mundo."

Não é espantosamente igual à proposta dos gnosticistas judeus? E os nagôs faziam parte do mundo, digamos, "desconhecido". Ou seja, haveria um Deus acima de Deus...

E isso é só o começo...





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