20.8.02

Eu queria ter te escrito isso no último dia 17 de agosto. Mas uma crise de sinusite me derrubou. Eu não era capaz nem de abrir os olhos. Nem de mexer a cabeça. Mas também daí de onde você está, acredito que o tempo seja uma mera abstração. Assim como o espaço.

Eu prefiro acreditar que nada acabou. Eu prefiro acreditar que existam jardins. Que nada desfaça a poesia, a música, as intenções. Eu prefiro acreditar que existe amor. Mas amor num grau diferente de uma maneira que nós, que aqui ficamos, jamais vamos conseguir compreender.

Eu prefiro também acreditar em ilusões. Se Deus é uma ilusão, eu acredito. Se a vida após a morte é uma ilusão, eu acredito. E tudo isso simplesmente pelo fato de não te acreditar morta.

Como me custa escrever esse tipo de coisa! Mas eu preciso! Eu preciso! É como se fosse um exorcismo. Como se apenas com a tinta dessa caneta pudesse afastar toda a falta que você faz...

Mas no entanto, existem campos de esperança. Existe não só em mim, mas em todos nós, uma espécie de castelo que nenhuma tristeza vai destruir, que nenhuma dor consegue atacar e nenhuma maldade tem a audácia de alcançar. Sim, existe a esperança e assim como a infância, ela é tudo...

Mas eu queria, por um momento pequeno que fosse, a esmola de um segundo, sim, eu queria que você da onde você está, me fizesse um carinho com sua mão de éter, me acalmasse, me dissesse que está tudo bem e que tudo isso não passou de um pesadelo, que vai passar... Depois eu queria que você me deixasse brincar livre, leve, menino, no seu quintal de luz...

Bem, há um consolo. Um grande consolo - se apenas isso nos resta, é um consolo que não podemos medir... É meu filho que vem!

Celebremos a vida que vem!
Celebremos a vida que vai nos trazer de volta a alegria e que, com certeza, você foi buscar! Sim, vó, você foi buscar meu filho pela mão!





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