8.7.02

"Recordo os dedos finos de padre Hugo de Arimatéia. Tinha lugar de honra na mesa de Frederico. Era aquela doçura de moça, aquela fome de Deus que não acabava nunca. Vivia de engenho em engenho, na frente de sua água benta. Ensinava letras e metia Deus na cabeça do povo. Para ele, o mundo anadava errado. Um dia, cairia de podre. Frederico se queixava dos ganhos do mestre de ponto que não apurava a mão, que era um desperdiçado. Os olhos de Hugo brilhavam, alumiavam seu rosto de cera. Meu tio só vivia de safras na boca e chaminés no pensamento. Não fazia nada pelas coisas do eterno. Hugo pedia:

- Frederico, olha para o céu!"
José Cândido de Carvalho
Olha para o céu, Frederico!





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